Entrevista DPF Carla Cintra

Entrevista DPF Carla Cintra

Nova superintendente da PF vai intensificar integração com polícias

- Qual é a importância de termos a primeira mulher na superintendência da PF de Pernambuco em 75 anos?

Entendo que a questão do gênero deve ser tratada com mais naturalidade. O foco deve ser sempre a igualdade de oportunidades para todos.

A importância de ser a primeira mulher a ser superintendente da Polícia Federal em Pernambuco, no contexto histórico, é o registro do reconhecimento da polícia federal de que as habilidades, talentos e competências independem do gênero.

- Em seu discurso de posse, a senhora enfatizou o combate a corrupção, ao desvio de recursos públicos e ao tráfico de drogas. De que forma, pretende desenvolver essas ações em Pernambuco?

Essas ações são decorrentes do planejamento estratégico da Polícia Federal e, por essa razão, já estão implementados no Estado. O nosso desafio será incrementar essas ações estabelecendo um estreitamento com as demais instituições.

- Quais são as metas da sua gestão em relação a esses três pontos - combate a corrupção, ao desvio de recursos públicos e ao tráfico de drogas?

Em relação ao tráfico de drogas, nossa meta será o desmantelamento e a descapitalização das organizações criminosas de maior vulto e com maior poder econômico que atuam no Estado ou com ligações com Pernambuco.

No tocante ao desvio de recursos públicos e a corrupção, ambos bastante entrelaçados, temos uma agenda operacional a ser seguida, com critérios objetivos que podem variar da consideração quanto à repercussão social que o delito possa ocasionar ao montante de prejuízo estimado aos cofres públicos.

Há alguma linha de trabalho que a senhora pretende implantar em Pernambuco a partir de sua experiência de dois anos como corregedora da sds-pe?

Pernambuco já tem um modelo de trabalho integrado entre as forças policiais, poderes e instituições públicas estaduais.

Inclusive em um dos nossos municípios, Paulista, está em andamento um programa do Ministério da Justiça e Segurança Pública, no qual trabalham juntas a polícia federal; força nacional; polícia civil; polícia rodoviária federal e polícia militar. Algumas operações foram deflagradas, com resultado exitoso.

- O ex-superintendente da PF em Pernambuco, Carlos Henrique de Sousa iniciou a parceria para tramitação do inquérito policial federal no sistema de processo judicial eletrônico (pje) do trf5. A senhora vai manter esse projeto em andamento?

Certamente. Na realidade, esse processo foi iniciado em 2017 e, depois de um certo tempo de ajustes, retomou o caminhar mais regular em meados do presente ano na gestão do Dr. Carlos Henrique, cuja administração deixou significativos legados à SR/PE. A nossa intenção é acelerar a continuação do projeto.

- A sede da PF em Pernambuco está sendo reformada. Já há previsão do término da obra?

A prazo estimado para a finalização de toda a reforma é de mais 36 meses.

- Sabemos que há um projeto de um novo centro treinamento da PF em Pernambuco. Já há temos alguma fase dessa obra em andamento?

Em verdade, desde 2006, 2007, quando recebemos uma grande área do DNIT, surgiu a ideia - que virou um sonho de todos os policiais da SR/PE - em termos um espaço destinado ao treinamento do nosso efetivo e também das unidades policiais vizinhas.

Todavia, como todo e qualquer projeto da polícia federal deve seguir um padrão estipulado pelo órgão central, ainda estamos na fase de regularização da área cedida.

- Em relação a área de atuação de portos e aeroportos, temos alguma novidade? A PF continuará com posto em Fernando de Noronha?

Nosso Estado conta com dois aeroportos internacionais e dois portos. Sendo assim, o reforço de atuação nesses pontos será necessário e já está sendo estudado regionalmente.

O posto em Fernando de Noronha, embora administrado pela SR/PE, é estratégico e de grande representatividade para a Polícia Federal, tanto é assim que, há poucas semanas, a Delog aprovou a elaboração do projeto de um novo posto no arquipélago.

Recentemente a PF implantou um terceiro posto de atendimento à população no shopping rio mar. Essa expansão ainda continua na sua gestão? Teremos mais pontos de atendimento da PF em Pernambuco? O que o cidadão poderá fazer nesses novos pontos?

A implementação do posto de atendimento em shopping centers, no caso do Recife, o Rio Mar, é um modelo de prestação de serviço que a Polícia Federal, há vários anos, já adota em outras cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo.

Entendo que o modelo é extremamente adequado para a Polícia Federal que contará com menor circulação de pessoas em suas dependências investigativas e, por outro lado, muito melhor para a população, vez que terá a prestação do serviço garantida em local mais aprazível e conveniente.

Pretendemos, em breve, inaugurar serviço nos mesmos moldes em Caruaru.

Além do passaporte, serão disponibilizados os demais serviços, atinentes às atividades de polícia administrativa, de atribuição da PF, como aqueles relativos ao controle de produtos químicos; à segurança privada e à posse e/ou porte de armas

- Onde e quando começou sua carreira na PF? Como foi a experiência em sua primeira operação? Que cargos já ocupou em sua carreira como policial até o momento?

Fui aprovada no concurso de escrivã de polícia federal em 1999 e fui empossada em janeiro de 2000 na Superintendência em São Paulo. Em 2005 fui aprovada como delegada de polícia federal. Assumi minhas funções em Caruaru, no agreste pernambucano, e meus primeiros casos foram para esclarecimento de mortes: um homicídio de um ex-vereador e o latrocínio que vitimou uma tesoureira dos correios.

Já ocupei inúmeros cargos e funções da PF, destaco o de chefe da Delemaph; de chefe do NIP; de Corregedora Regional e de DRCOR.

- Que mensagem a senhora gostaria de passar para os policiais federais que vão ler essa entrevista?

Que ser policial federal é uma escolha de vida, um sacerdócio, exige dedicação e comprometimento, mas não existe nenhum lugar melhor de se trabalhar que a polícia federal!

- A senhora poderia informar dados de sua vida pessoal? Idade, naturalidade? É casada? Tem filhos? Torce por que time? Adotou algum time em pe? Qual?

Nasci em recife, em 01/11/1976, sou, portanto, uma escorpiana de 43 anos. Casada, com três filhos. Torço pela seleção brasileira.

- Que obras de arte (filmes, música e livros), a senhora indicaria para seus colegas de PF?

Meu hobby, desde sempre, é a leitura.

Como o policial federal é, sobretudo, um resistente, recomendo que se conheça do espírito indomável de Agnès Humbert. Historiadora de arte francesa que desafiou Hitler, foi uma das líderes do movimento da resistência francesa. Dizia-se, por conta de Agnés, que se o exército francês fosse formado por mulheres, certamente a Alemanha nazista não teria conseguido invadir Paris. O título é direto e inspirador: Resistência.



Associação dos Delegados da Polícia Federal

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