DPF Cairo Costa Duarte

DPF Cairo Costa Duarte



O superintendente da Polícia Federal, Cairo Costa Duarte e a Delegada Chefe de imigração Luciana Martorelli Almeida Regis de Carvalho, (que estará presente em nossa próxima edição) recebeu a Revista Artigo 5º para uma entrevista.

O tema de nossa entrevista com Cairo foi sobre sua gestão na Superintendência da Polícia Federal em Pernambuco no fim de julho e das ações que estão planejadas para o Estado, como a reforma da sede da superintendência, a construção de um novo centro de treinamento para os policiais federais que atuam no estado e o aperfeiçoamento de postos como o de Fernando de Noronha. O mineiro natural de Belo Horizonte e torcedor do Galo tem 42 anos e assumiu o atual cargo em novembro de 2017. A carreira dele como delegado federal teve início em 2003, quando atuou primeiramente em Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul. Posteriormente, atuou em Uberlândia, em seu estado natal. Em seguida, recebeu o convite para atuar na Coordenação-Geral de Prevenção e Repressão a Entorpecentes em Brasília/DF, no setor de chefia do Serviço de Inteligência, sendo responsável pelo Grupo de Investigações Sensíveis. Também trabalhou na área de chefia do Serviço de Repressão de Desvios de Recursos Públicos, onde acompanhou de perto o início da Operação Lava-Jato.


O senhor tomou posse como Superintendente em novembro de 2017. Após mais de seis meses de atuação no Estado, quais foram as principais ações desenvolvidas?


Na parte administrativa, estamos com a fase final de processo de licitação de uma obra muito importante e ousada, que é a total reforma do edifício sede da Superintendência na cidade do Recife. É um desafio. Na parte de recursos humanos, estamos investindo em um tratamento cada vez melhor do servidor, da saúde dos agentes. Estamos também construindo um novo centro de treinamento operacional na cidade do Recife. Na atividade de combate a crimes, aumentamos o número de fiscalizações realizadas no Porto de Suape. Em relação ao combate ao crime organizado, houve incremento das operações especiais. A gente tem investido muito na operação de erradicação de cultivos ilícitos. É uma operação que consome muitos recursos, mas traz um retorno simplesmente magnífico. Retiramos do mercado consumidor toneladas e toneladas de maconha. Ou seja, vamos diretamente à produção e não deixamos essa droga sequer chegar às estradas ou aos meios de transporte para chegar no consumo. Isso é muito importante.


Além do prédio da Superintendência que será reformado, qual é a infraestrutura da Polícia Federal em Pernambuco?


Além da sede da Superintendência na cidade do Recife, nós temos as atividades ligadas ao acompanhamento de imigração com postos de fiscalização nos aeroportos do Recife e de Fernando de Noronha e também nos portos de Suape, do Recife e de Fernando de Noronha. A Polícia Federal também possui duas delegacias, uma situada no município de Caruaru e outra no município de Salgueiro. Temos também escritórios específicos, mas não identificamos os locais. Para cada delegacia da Polícia Federal, há o delegado chefe responsável. Temos perspectiva de descentralização da área de emissão de passaportes para outros bairros do Recife no futuro. Por enquanto, os passaportes são emitidos no Aeroporto do Recife e nas Delegacias de Caruaru e de Salgueiro. Recife ainda possui barcos para o trabalho de polícia marítima. Temos investido em equipamentos do tipo drone para levantamento de ambientes. Investimos muito nesse novo tipo de equipamento.


O que terá esse novo Centro de Treinamento e como é a política de capacitação dos policiais federais em Pernambuco? 


Temos um escritório de projetos que é destinado diretamente a capacitação de policiais. Temos uma preocupação muito grande nessa seara. Se os cursos não são semanais, são mensais, em todas as áreas. O novo centro de treinamento também ficará ligado ao escritório de projetos e estará em consonância com as diretrizes da nossa Academia Nacional de Polícia em Brasília. A nova estrutura terá salas de aula, área de convivência, área de treinamento de artes marciais, treinamento de inteligência, uma área de estante de tiros e até um imóvel para simulação de ambiente real. 


Há a informação de que houve o fechamento do Posto Avançado da PF em Fernando de Noronha veiculada por meios de comunicação. Essa informação é verdadeira? 


O Posto de Fernando de Noronha está de vento em popa. Fizemos uma visita lá para reformar o posto, pois mantemos equipes constantes   para atividades de imigração e de polícia judiciária no posto de Fernando de Noronha. Estamos incrementando o posto do arquipélago para prestar um serviço melhor e, assim que pronto, convido-o a conferir as mudanças.


O senhor já atuou no setor de inteligência da PF em Brasília. Qual é a importância desse tipo de setor para o trabalho da Polícia e o que pretende implantar em Pernambuco em relação a essa atividade?


A polícia federal trabalha muito com o conceito de inteligência em dois vieses. A inteligência clássica, que é a informação que é obtida e dada ao gestor para tomada de decisão. Temos essa inteligência clássica na Polícia Federal. Também possuímos a inteligência operacional que muitas vezes é confundida com a clássica. Essa inteligência operacional, que vai nos trazer elementos para início de investigação, é a que usamos no apoio às atividades de polícia judiciária. Eu gosto de diferenciar isso muito bem, porque hoje a palavra inteligência tornou-se vulgar. Na atividade fim da Polícia Federal, a inteligência é só um início da investigação. Já a investigação é um procedimento que segue todo um rito e não podemos falar em inteligência nesta fase. Em um momento, vou ter que dar ciência para o investigado sobre o trabalho de investigação da Polícia. O inquérito policial é conduzido em transmites normativos específico. O que mais faço aqui é investir na área de inteligência, principalmente na capacitação de servidores nessa área de inteligência operacional.


O que está previsto para Pernambuco no plano estratégico 2010/2022 da Polícia Federal? 


Um exemplo básico é a reforma da Superintendência do Recife que foi fruto de uma decisão política tomada há cinco anos. Estou dando encaminhamento a algo que os gestores decidiram anos atrás.


Quais são a principal meta da Superintendência em Pernambuco?


A meta material é o início da reforma do prédio da Superintendência, que é uma reforma ousada, que vai gerar um futuro muito bom para o Estado de Pernambuco. Isso tudo faz parte de uma organização logística que a gente tem aplicado aqui, que é o programa de gestão de qualidade chamado 5S [desenvolvido no Japão e tem como fundamento a primeira letra de 5 palavras japonesas: Seiri (Utilização), Seiton (arrumação), Seiso (limpeza), Seiketsu (higiene), Shitsuke (Disciplina)]. A princípio, ainda não definimos se vamos sair completamente do imóvel, enquanto estiver sendo reformado. Podemos separar a obra em dois momentos. Reformamos um lado enquanto usamos o outro. Hoje temos possibilidade de realizar obras e reformas sem a saída total do imóvel.


Quanto tempo dura para montar e executar uma operação de combate ao tráfico de drogas como a Operação Macambira II, que apreendeu mais de 265 mil pés de maconha, em junho deste 2018?  


Uma operação desse porte pode durar meses antes da execução, porque há o trabalho de inteligência muito forte para que tudo dê certo. Recebemos informações de vários órgãos, inclusive da sociedade. O início de uma investigação vai depender de vários fatores. As informações que serão analisadas aqui podem vir de qualquer ente público ou privado. Uma grande operação pode surgir de uma simples denúncia feita por meio de um telefonema.


Qual é a característica do tráfico de drogas em Pernambuco? 


Pernambuco é um grande produtor na região do rio São Francisco. O estado também é um grande consumidor de drogas, além de estar incluído na logística de exportação de drogas para a Europa. O número de pessoas presas pela Polícia Federal no Aeroporto do Recife por tráfico de drogas é altíssimo e impressionante. E os nossos policiais aqui realizam um trabalho de inteligência muito bom para interdição das drogas no aeroporto.


Em Pernambuco, como está o combate a fraudes e à corrupção no serviço público?


Estamos constantemente deflagrando operações nessa seara aqui em Pernambuco, assim como constantemente também damos apoio às operações realizadas em outros estados do Nordeste. Essa rotina é quase semanal. Muitas dessas operações necessitam de um efetivo superior ao que já existe em uma unidade.


Quais são as parcerias desenvolvidas pela Polícia Federal em Pernambuco?


Já seguindo uma diretriz nacional, atuamos diretamente com a Polícia Civil do Estado de Pernambuco. Temos inclusive forças-tarefas para combater crimes violentos no Brasil e combater organizações criminosas no país. Além disso, temos parcerias muito boas com a Polícia Militar de Pernambuco e com a Polícia Rodoviária Federal.


O que o senhor gostaria de transmitir aos policiais federais que vão ler a matéria?


Esse nosso trabalho não é fácil. Chega a ser um sacerdócio, mas não tem preço o retorno que nós, policiais federais, temos com a sociedade evoluindo.

Entrevista Realizada no gabinete do Superintendente Cairo Costa em Recife



Edição: 63 – Julho/Agosto



Associação dos Delegados da Polícia Federal

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